Alpha e Omega

Tal como as letras Alpha e Omega delimitavam o alfabeto grego na Antiguidade Clássica, os movimentos de transição de ética social [...]

Tal como as letras Alpha e Omega delimitavam o alfabeto grego na Antiguidade Clássica, os movimentos de transição de ética social e transformação digital oferecem excelente moldura para as profundas mudanças socioeconômicas, tecnológicas e ambientais que já estamos vivenciando há alguns anos – e que serão ainda mais intensas nos próximos dez ou vinte anos.

A transição de ética social – do antigo paradigma “dever” para o novo paradigma “prazer” – revoluciona a norma social em prol do foco exacerbado na satisfação das próprias necessidades, expectativas e aspirações individuais, naturalmente em detrimento das obrigações morais com terceiros e das obediências a estruturas de poder familiar, religioso, político e institucional. Na esteira desse fenômeno, ambiente de trabalho e comportamento do consumidor alteram-se estruturalmente na busca por experiência, expressão e impacto. O contrato psicológico entre indivíduo e organização precisa, portanto, ser reescrito a partir dessa nova realidade psicossocial.

É brutal o impacto da crescente hegemonia da ética do prazer sobre os bastiões empresariais construídos em torno de premissas desenvolvidas no antigo paradigma de dever para cultura e desenho organizacionais. O nexo percebido entre estruturas corporativas comando-controle e o próprio rígido contexto familiar-religioso-político-institucional passa a ser desafiado em prol de estruturas mais leves, fragmentadas, efêmeras, fluidas e colaborativas. É justamente essa nova ordem social que desafia frontalmente as culturas organizacionais e lideranças dominantes de empresas construídas e consolidadas no antigo paradigma.

Em paralelo, a transformação digital não se limita a uma nova aplicação tecnológica. Sua potência revolucionária ocorre apenas na convergência entre várias tecnologias – mais precisamente, no contexto atual, refiro-me ao encontro liderado por Inteligência Artificial com Internet Industrial, Robótica, X Reality, Insideables e Genomics, sustentados por Data Analytics, Cloud Computing, Blockchain e Social Network.

Tal convergência cataclísmica tem capacidade para destruir e criar riqueza em todos os setores econômicos, em qualquer região do planeta. É uma transição estrutural – do antigo paradigma “waterfall” para o novo paradigma “agile”. A transformação digital não pode, portanto, ser ignorada pelas organizações construídas no antigo paradigma. Trata-se de uma questão de vida renovada ou morte anunciada.

Estamos aqui diante de uma revolução. Melhorias incrementais não serão suficientes.

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Daniel Augusto Motta, PhD, MSc

Fundador e CEO BMI Blue Management Institute

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