As estruturas organizacionais são invenções relativamente recentes na história. Tornaram-se requisitos óbvios para a crescente industrialização dos países a partir de finais do século XVIII e alcançaram status "científico" nos primórdios do século XX.
Dentre as diversas possibilidades estéticas e processuais, convencionou-se alocar estruturas em torno das práticas gerenciais de finanças, operações, vendas, marketing e pessoas. Em alguns casos mais específicos, ainda incluindo práticas de pesquisa e relações institucionais.
Ao longo de décadas, observamos a evolução destas estruturas e, ao mesmo tempo, dos diferentes princípios de governança e gestão que as modelam e são modelados por elas.
A função RH foi sempre algo central na estrutura organizacional de uma empresa em crescimento, com impacto na sua complexidade operacional. Assegurar alocação de recursos humanos necessários ao desenvolvimento organizacional tem sido tão essencial quanto implementar sucessivas ondas de busca de aumento de produtividade e qualidade.
Curiosamente, não obstante seu papel absolutamente estratégico, a área de RH também perdeu muito espaço nas dinâmicas corporativas de poder, notadamente em prol da poderosa área de Finanças e, em alguns casos, das igualmente vocais áreas de Vendas e Operações. Nestes casos infortúnios de miopia, a área de RH muitas vezes até perdeu assento na Diretoria Executiva, ficando submetida a um papel secundário de área de suporte.
Já no anoitecer do século XX, houve uma mudança na perspectiva da agenda de Pessoas em prol de algo um pouco mais protagonista: surgia a área de Capital Humano como a área responsável pela alavanca de desenvolvimento das capacidades humanas requeridas pelas agendas estratégicas de negócios. No Brasil, a área adquiriu a alcunha de Gente e Gestão, ressaltando a relevância dos processos de gestão de desempenho no escopo gerencial.
Já escrevi sobre o papel estratégico do CHRO.
Escrevi também sobre as empresas como organismos vivos.
E no contexto do século XXI, à medida que as empresas se tornam estes biomas organizacionais, uma nova metamorfose parece estar em evolução nas funções de RH, ressaltando seu aspecto supra organizacional em direção a outros stakeholders. Ao mesmo tempo, os desafios internos da organização em torno dos aspectos de colaboração orgânica nos modelos ágeis e de sanidade mental no contexto contemporâneo hostil, também eleva o patamar da área para além das meras questões transacionais e funcionais.
Talvez agora seja mais apropriado mesmo denominar RH como Relações Humanas.
Uma nova era para os profissionais de RH! Uma nova era para as organizações! Uma nova oportunidade para a melhoria das Relações Humanas no contexto social.
__________________________________
Daniel Augusto Motta, PhD, MSc
Fundador e CEO BMI Blue Management Institute